“Ele sempre falava que nossa história iria virar filme” revela Luciana Paula sobre os 27 anos ao lado de Fábio Leão. O lutador largou o mundo do crime e hoje dirige projetos sociais que mudam a vida de crianças e jovens na Vila Kennedy e presidiários no Complexo de Bangu.
As pitadas de romance, ação e a regeneração chamaram a atenção do cineasta Paulo Thiago. O personagem principal de “O Campeão” será interpretado por Thiago Martins, que vai até aprender a lutar com Fábio. A mocinha ainda não tem nome, mas Luciana torce para que seja alguém do quilate de Ísis Valverde ou Leandra Leal. O filme deve ser lançado em maio do ano que vem, junto com um livro.
— É a história de um homem que fez tudo errado e se acertou. Me considero um campeão da vida, mas o mais importante é incentivar para outros meninos não se tornarem um perigo para a sociedade como eu fui — diz Fábio.
A trama começa aos 13 anos, quando ele se apaixona por Luciana, e descobre a luta, assim como o mundo do crime. O “herói” vive altos e baixos de uma vida dividida entre o esporte e o comando do tráfico na Vila Kennedy, que resulta em dez anos atrás das grades.
— Eu falava pra Luciana “vai embora porque ele não tem jeito, vai morrer você e todo mundo” — lembra a tia de Fábio, Neide dos Reis.
Na prisão, depois de perder a infância da primeira filha, Hillary, cansado do crime, ele larga as drogas, se torna evangélico e foca nos treinos.
— Visitei ele até sair porque eu ficava com medo dele se matar. Acho bom mostrar a história do Fábio porque muita família não acredita e abandona. Mas eu não fiz nada, ele quem conseguiu tudo — conta Luciana, que cansou de percorrer favelas atrás do marido com a filha bebê.
Quando finalmente ganha a liberdade, ainda que condicional, Fábio retoma a carreira esportiva com a ajuda de Gabriel Ribeiro, na academia Delfim, na Tijuca. O único que dá a oportunidade do primeiro emprego a um homem de 35 anos com ficha criminal.
— Eu passava pela boca e me perguntavam até quando eu ia aguentar. Para quem chegou a ganhar R$ 5 mil por semana se sujeitar a R$ 475 por mês não é fácil.
Não foi, e o pai do pequeno Gregory quer que outros tenham também uma chance. Fábio já conseguiu empregar 22 ex-detentos para dar aulas de luta em academias.
— Hoje ganho R$ 3 mil em uma palestra. Quero mostrar para os jovens que dá para viver bem com dinheiro limpo.
Nas ruas da Vila Kennedy, é difícil Fábio andar sem alguém pará-lo para pedir um conselho ou dar um abraço. Ele é um ícone, mas vê com simplicidade sua trajetória.
— Fico feliz de, entre milhões de histórias, terem escolhido a minha.
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