Gremista suspeito de racismo diz que foi confundido; outro torcedor nega xingamento

Torcedor usou megafoto

Dois torcedores do Grêmio prestaram depoimento sobre o caso de racismo contra o goleiro Aranha, do Santos, na 4ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, na manhã desta terça-feira. Rodrigo Rychter confirmou que é ele quem aparece nas imagens captadas pelo canal “ESPN Brasil”, mas negou que tenha xingado o jogador santista. Já o estudante Tiago Bulzing de Oliveira disse que foi confundido e que não esteve no setor onde gremistas chamaram o goleiro de “macaco” e fizeram outros insultos.
O caso aconteceu na quinta-feira da semana passada, na derrota do Grêmio para o Santos por 2 a 0, na partida de ida das oitavas de final da Copa do Brasil.
– Após mostrarmos as imagens ao Rodrigo, um dos investigados, ele assumiu que estava ali, naquele local, mas negou que ofendeu o goleiro. Ele disse que é torcedor do Grêmio, frequenta a Geral (torcida organizada do clube), mas disse que não xingou o jogador – falou o comissário da Polícia Civil, Lindomar Souza.
Torcedor gremista Tiago Bulzing de Oliveira, suspeito de ato de racismo, negou que tenha estado na geral do Grêmio
Torcedor gremista Tiago Bulzing de Oliveira, suspeito de ato de racismo, negou que tenha estado na geral do Grêmio Foto: Reprodução / Facebook
O outro torcedor que depôs, Tiago Bulzing, chegou à delegacia acompanhado do pai. Horas depois de prestar esclarecimentos, ele publicou uma megafoto no seu Facebook para provar que não acompanhou o jogo na geral do Grêmio, setor onde aconteceu o ato de racismo.
“Ontem aconteceu com certeza a coisa mais injusta em minha vida, fui intimado a depor como suspeito de racismo ao goleiro Aranha, no jogo contra o Santos. Hoje fiz meu depoimento e (concedi) entrevista a diversas emissoras, pois não tenho o que esconder, não fiz NADA. Estava em outro setor do estádio, no 4º andar, onde fico em todos os jogos com meu irmão, e isso já foi esclarecido na delegacia. Buscarei meus direitos e (vou) ver o que posso fazer com relação a processos. LAMENTÁVEL! Uma coisa é certa, cada dia mais perco a vontade de ir até o estádio, e depois de 8 anos e meio, providenciarei para me desassociar! A prova de onde eu estava no estádio, segue na megafoto“, escreveu no Facebook.
Gremista, suspeito de ato de racismo, posta megafoto para provar que não estava na geral do Grêmio
Gremista, suspeito de ato de racismo, posta megafoto para provar que não estava na geral do Grêmio Foto: Reprodução / Facebook
O comissário de polícia disse que o torcedor negou ser o rapaz que aparece nas imagens. Tiago contou que, junto com o irmão, ficou no setor da social superior.
– Ele disse que estava no jogo, mas que não acessou o outro portão que dá acesso ao outro lado do estádio, no setor investigado. Ele negou que estivesse na foto e disse que a pessoa é semelhante a ele. Diante dos depoimentos, o delegado Hebert Ferreira, que comanda as investigações vai chegar às conclusões no final do inquérito e assim decidir quanto ao indiciamento ou não das pessoas investigadas – falou Souza.
Torcedor Rodrigo Rychter confirmou que é ele quem aparece nas imagens captadas pelo canal “ESPN Brasil”, mas negou xingamentos
Torcedor Rodrigo Rychter confirmou que é ele quem aparece nas imagens captadas pelo canal “ESPN Brasil”, mas negou xingamentos Foto: Reprodução / Facebook
Foto: Reprodução / Facebook
Patrícia Moreira vai depor na quinta-feira
A polícia já identificou outras pessoas e está apenas confirmando as identidades para imitá-las. Para esta semana está programado apenas o depoimento de Patricia Moreira, a torcedora flagrada chamando Aranha de "macaco". Ela irá depor na quinta-feira. A jovem foi a primeira gremista identificada na investigação.
– Está programado o depoimento dela para quinta-feira. Estamos olhando minuciosamente as imagens cedidas pela ESPN e pelo Grêmio para assim termos condições de convidarmos mais pessoas para deporem – afirmou o comissário.
Na segunda-feira, dois seguranças do Grêmio foram ouvidos, mas não ajudaram nas investigações. Um rapaz, que informou que fazia parte da organizada Geral, compareceu por livre e espontânea vontade para ajudar na identificação dos torcedores.
– Os seguranças foram ouvidos, mas foram limitados. Eles não contribuíram para os esclarecimentos e identificação dos autores da injúria racial. O outro rapaz veio aqui para colaborar – comentou Souza.
Patricia, que xingou Aranha, posa para foto com um macaco com a camisa do Internacional

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