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Candidatos inscritos no concurso da Polícia Militar do Estado do Rio (PMERJ), que fizeram o exame no domingo, manifestaram indignação nas redes sociais, na segunda-feira, contra as falhas de fiscalização nos locais de prova. Apesar de o edital proibir o uso de celulares nas salas, fotos de cartões-resposta não preenchidos e de cadernos com questões de Língua Portuguesa e História começaram a circular pela internet na tarde de domingo, poucas horas após o início da avaliação.
O concurso pretende preencher seis mil vagas de soldado e já havia sido adiado, em janeiro deste ano, sob a alegação de que mudanças seriam feitas no edital. Em junho, a seleção foi reaberta. Agora, a polêmica entre os candidatos que fizeram a prova envolve o uso irregular de telefones nas salas e a falta de fiscais para acompanhar os candidatos aos banheiros.
Uma concorrente, que preferiu não se identificar por temer represálias, disse que o envelopes com os cartões-resposta e as redações não foram devidamente lacrados numa sala da Estácio, na Freguesia, na Zona Oeste do Rio, onde ela fez a prova.
Em sua página no Facebook, o governador Luiz Fernando Pezão disse que, se as irregularidades forem constatadas, a empresa será devidamente punida. Em nota, a PM informou que a Exatus será responsabilizada pelas possíveis falhas de segurança e de organização. Em cada município onde a prova foi aplicada, explicou a PM, havia policiais com a missão de conferir se tudo estava sendo cumprido conforme o edital.
A PM afirmou ainda que os problemas apontados serão reunidos num relatório a ser enviado, amanhã, ao Centro de Recrutamento e Seleção de Praças (CRSP). Caso as falhas sejam comprovadas, a empresa poderá receber uma advertência ou ser proibida por tempo determinado de participar de seleções. A Exatus — que organizou o concurso da PMERJ pela segunda vez (incluindo a seleção adiada) — não quis se pronunciar sobre o caso.

Petições online e manifestação no Centro do Rio
Ontem, segunda-feira, dois abaixo-assinados foram criados por candidatos na internet, pedindo a anulação do concurso da PM e a realização de outra seleção, com uma nova banca organizadora. A petição online, que está no site www.euconcordo. com, contava, até as 19h de ontem, com 2.276 assinaturas — cerca de 2,2% dos 105 mil inscritos no processo seletivo. A outra, disponível na página www.peticaopublica.com.br, tinha 1.076 participações. Ambas são destinadas ao governo estadual e à Justiça.
A mobilização na web também alcançou o Facebook, por meio do qual os candidatos estão organizando uma manifestação para o próximo domingo, no Centro do Rio. O evento já tem a presença confirmada de 1.300 pessoas. Segundo o organizador, Wesley Ramon, de 21 anos, o edital previa um conteúdo diferente do que foi cobrado:
— Fizeram perguntas de nível superior. Houve uma questão que pedia o conhecimento de três funções raras (do Excel). Sou técnico de computador e nunca vi essa função.
Professores avaliam exame
A prova para soldado da PM foi composta por uma redação e uma prova objetiva com 40 perguntas de Língua Portuguesa, Sociologia, Geografia, Legislação de Trânsito, Direitos Humanos, Informática e História. Mas estas duas últimas disciplinas foram alvo de críticas de muitos candidatos, que ontem se queixaram na internet sobre o grau de dificuldade das questões do processo seletivo.

O motorista Bruno, de 29 anos — que preferiu não informar o sobrenome —, criticou a questão sobre a Batalha do Jenipapo, na prova de História, além dos conteúdos abordados sobre Informática.
— O edital só dizia que cairia Excel, mas não especificava (o conteúdo). Estava muito difícil — disse Bruno sobre a prova que, caso seja zerada, o eliminará automaticamente.
Professores de cursos preparatórios, porém, divergem dos alunos. Paulo Estrella, diretor pedagógico da Academia do Concurso, diz que a a avaliação não surpreendeu:
— A prova de Informática cobra o que vai ser usado de acordo com o órgão. Se estava no programa, poderia cair tranquilamente.
Para Carlos André, professor de Informática do mesmo curso, o exame foi atípico:
— Foi difícil, mas (com o conteúdo) dentro do edital. Acho que não cabem recursos.
O professor Leandro César Oliveira, do Curso Maxx, porém, recorreu à banca sobre questões de História. Para ele, os conteúdos de História e Informática estavam além do estabelecido no edital.

O PROCESSO SELETIVO
Eliminação
A Polícia Militar informou, em nota, que dois candidatos foram eliminados por terem entrado com celular escondido, fotografado o cartão de respostas, que não estava preenchido, e postado a foto em redes sociais. Os candidatos não autorizaram a PM a divulgar seus nomes.
Candidatos
A PM ainda não informou quantos dos 105 mil inscritos fizeram a prova no domingo.


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